sábado, 7 de maio de 2011

Amor de Infância

Todo mundo se apaixona com 6 anos, mas com ele foi diferente. Ele não gostou dela apenas pela beleza, ou porque era boa no esconde-esconde. Foi mais do que isso.

Ele não sabia dizer o porque desse sentimento. Se era o charme na dificuldade dela em escrever o próprio nome. Ou o contato de suas mãos quando ela pedia a sua ajuda para abrir a garrafinha da lancheira.

Foram quase dois anos assim. Até que um dia ela não estava lá. E não voltou a aparecer. Em uma época em que Orkut e Facebook não existiam, ele não conseguiu encontrá-la.

A vida seguiu, e ele foi no embalo. Mas nunca a esqueceu, mesmo depois de cinco, dez, quinze anos.

Duas décadas se passaram até se reencontrarem. Se reconheceram de longe, mesmo estando tão diferentes, e conversaram.

Ela, uma bailarina de balé clássico. Ele, um engenheiro já formado e com um bom trabalho. Enquanto ela falava, ele sentia o coração grande demais para o próprio peito. Flertava com as possibilidades desse reencontro. Afinal, ambos eram interessantes e estavam solteiros. Chamou-a para jantar naquela mesma noite, ela aceitou.

Já após o jantar, voltando sozinho para casa, ele sabia que não ligaria para ela. Toda a magia tinha desaparecido, mas ele não sabia explicar o porque.

Talvez fosse a independência com que ela abriu a garrafa de vinho, ou a facilidade com que escreveu o próprio nome e o telefone no guardanapo. E, hoje em dia, ela deve ser horrível no esconde-esconde.

2 comentários:

  1. coisas para levar em consideração na próxima vez: as habilidades no esconde-esconde.

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  2. senti falta dos seus textos ;)

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