terça-feira, 31 de agosto de 2010

Heil, Alberto.

Para Alberto, nada definiu tanto sua vida como o seu nome. Tinha muito orgulho da sua origem alemã. Além dos seus genes 12,5% arianos.

Possuía uma braçadeira com uma suástica, que só usava em casa. Também tinha o costume de comer salsichas, tomar chope e cuidar de seus pastores alemães: Führer e Goebbels.

Falava alemão fluente, mesmo nunca tendo pisado no país. Desgostava do terceiro mundo onde vivia, e evitava todos aqueles que não pertenciam a raça pura. Ou que tivessem uma pequena porcentagem dela.

Alberto morreu de forma trágica, atropelado na frente da própria casa. O motorista do Audi, distraído, observava o Goebbels e o Führer transando no jardim.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O começo de um dia.

Não me lembro de despertar sem ser com o celular. Algumas vezes era minha mãe que me acordava, mas na maioria era um Samsung que tive quando os celulares ainda eram novidade. Provavelmente nunca usei um despertador de verdade.

A música tocando não quer dizer que irei acordar. Já desliguei sem lembrar. Deixei tocar até acabar a bateria. E, principalmente, me convenci a continuar dormindo. Aliás, sou bom nisso.

Sei convencer a mim mesmo melhor do que qualquer pessoa. Tenho argumentos que não consigo derrubar. E agora, desempregado, ficou ainda mais fácil.

É como um tribunal onde sou o advogado, o juiz e até o escrivão. Hoje, inclusive, o promotor apelou para o clichê “Deus ajuda quem cedo madruga”. A defesa alegou que o horário não combinava com a palavra cedo. Eles começaram a discutir. O juiz bateu o martelo.

Virei para o outro lado e voltei a dormir.