A cada três ou quatro manhãs, dependendo da hora em que fiz a barba da ultima vez, tenho uma agradável visão ao acordar: a barba por fazer perfeita.
Não que ela seja perfeita em relação a todas as outras barbas do mundo, claro que não. Mas, para uma barba dura e cheia como a minha, dura de crescer e cheia de falha como diz meu pai, esse é o seu melhor estado.
Nesse dia, até o banho pela manhã é mais cuidadoso. Com direito a xampu no centímetro de pelo facial e ser enxugada com uma toalha branca, só para ver o algodão preso nos fios de barba contrastando com a pele.
Se o bigode estiver desproporcional, o que normalmente acontece, já tiro com a gilete. Confesso que, dessa forma, evito piadas envolvendo indianos, sorveteiros e “aquele cara engraçado daquele filme lá”, que, obviamente, também é indiano.
Visto minhas roupas e, depois de alguns minutos admirando a barba por fazer perfeita, pego a mochila e saio de casa.
A felicidade desse dia é grande, porém passageira. Dura o tempo de entrar no ônibus e encontrar alguém com uma barba de verdade. O que faz com que eu fique o dia todo querendo voltar para casa, pegar uma lamina de barbear e tirar essa porcaria da minha cara.
A batalha dos Deuses – O jogo
Há 4 semanas