Desde que era pequeno se acostumou a acordar com o cheiro de suco de laranja pela manhã. Sua mãe fazia todos os dias, com laranjas fresquinhas, que ele bebia assistindo aos pais tomando café.
Mas, com o movimento feminista, a sua mãe decidiu trabalhar. Então já não havia mais tempo para fazer o suco, que deu lugar a um café amargo feito às pressas. "Que saudades do suco de laranja, que saudades dos gominhos", pensava.
Cresceu, mas sempre sentiu falta do cheiro do suco, que marcou a sua infância. Até tentava fazer suco natural, mas o tempo, e a sua falta de mão para colocar o açúcar, deixavam-no incapacitado.
Adulto, passou a tomar os sucos de pacotinho, lata, caixinha, o que fosse. Sempre que tomava os sucos artificiais tentava imaginar os gomos. "Ah, que saudade dos gominhos".
Conheceu, apaixonou-se e até casou com uma mulher. Sem imaginar que era por causa do perfume cítrico que ela usava.
Certo Sábado, sentou-se à mesa, e viu um copo cheio de suco de laranja. Tomou dois goles, e para a sua surpresa, sentiu os gominhos descendo pela garganta. Com um sorriso perguntou à sua mulher se tinha feito suco natural. "Não, é um suco novo que comprei, reparou nos gominhos?". Falando isso, colocou uma caixinha sobre a mesa.
O homem encarou a caixa, baixou os olhos para o copo. "Até vocês gominhos?". E a sua mulher não entendeu nada quando ele começou a chorar.
A batalha dos Deuses – O jogo
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