quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Votação 2010

O principal motivo para ter escolhido minha primeira escola como zona eleitoral é a viagem em nostalgia que faço a cada dois anos. Para, assim, votar valer a pena.

Além de ver alguns rostos conhecidos, como o da antiga diretora em um quadro na parede, revi os trabalhos que eram comuns na minha infância. Recortes e colagens, ou pelo menos é assim que lembro de serem chamados.

Enquanto esperava a minha vez, no corredor, olhei os trabalhos dos alunos da quinta série. O tema: "O que é natureza para você?". Muitos recortes de matas verdes e de animais, retirados de páginas de revistas e de jornais.

Alguns trabalhos chamavam a atenção de cara. Como o menino que, ao invés de colar imagens de revistas, usou folhas de árvores. Uma forma de acabar o trabalho em 5 minutos, e ainda parecer criativo. Senti um pouco de inveja, afinal demorei até a oitava série para enrolar professores desse jeito.

Duas crianças de mesmo sobrenome tinham os trabalhos parecidos, com figuras bem recortadas e coladas. Provavelmente trabalho da mãe deles, enquanto os dois assistiam desenho comendo bolacha. Não que eu ache isso errado, até porque já fiquei jogando Super Nintendo com meus amigos enquanto seis mães desesperadas faziam o nosso trabalho.

Mas a medalha de ouro vai para o último trabalho, que vi pouco antes de votar. Recortes mostrando um quintal sem muito gramado e um piloto de Fórmula 1 desproporcionalmente grande. Quase surreal.

Ainda olhando este trabalho, fui chamado a votar. Confesso que já não estava mais preocupado com o futuro do país, mas sim com o daquele menino. Que acredita que natureza não passa de um quintal e um piloto de corrida.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pós-eleições

Juninho ficou triste quando o seu candidato não ganhou a eleição. Ele não tinha idade para votar, mesmo assim ficou triste. Não pelas propostas, mas sim pelo que sua família falava e seus amigos também, repetindo os discursos paternos.

Não que Juninho tenha chorado. Afinal, a sensação de perder uma eleição não era como aquela de quando ganhou um tênis Nike cinza, mesmo tendo pedido um branco. Verdade seja dita, ele ainda estava se recuperando desse trauma.

Juninho resolveu usar o twitter para dizer tudo o que achava das eleições, e daqueles que botaram o outro candidato no poder. 140 caracteres recheados de palavrões. Ele não sabia o significado de um deles, mas já tinha ouvido a mãe falar algumas vezes.

Depois de mais alguns twitts inconformados, todos com a palavra ignorante em caixa alta, Juninho decidiu fazer os trabalhos da escola. Especialmente para provar que não era como aquelas pessoas sem estudo do outro lado do país.

Abriu o Wikipédia, buscou Castro Alves, deu ctrl-c/ctrl-v e imprimiu. Juninho abriu um grande sorriso, orgulhoso por ser tão esperto.


p.s.: post sem intenções políticas, até porque não apoiei nenhum dos candidatos.